terça-feira, 21 de setembro de 2010

Hoje quero falar sobre a criança TDAH


Hoje quero falar sobre a criança TDAH (Transtorno do Déficit da Atenção e Hiperatividade), porque falar do TDAH em um blog sobre o Bullying?
Porque eu como mãe/avó , de uma adolescente TDAH, de 13 anos,até hoje não vi uma familia feliz, completa, e o BULLYNG também existe para estás familias, os amigos se afastam, os parentes te isolam, você vive de mãos atadas rejeitada quando tem um TDAH dentro de sua casa, é como se você tivesse culpa, como se aquela criança tivesse optado por ser TDAH, a sociedade te marginaliza.... é triste, mas é real, é verdade eu tive 3 filhos, hoje todos adultos, minha neta que mora comigo desde o primeiro segundo de vida veio para que eu pudesse vivenciar  esta triste realidade.

Rita Elaine Vieira Garbim


"Quando se pensa em TDAH, a responsabilidade sobre a causa geralmente recai sobre toxinas, problemas no desenvolvimento, alimentação, ferimentos ou malformação, problemas familiares e hereditariedade. Já foi sugerido que essas possíveis causas afetam o funcionamento do cérebro e, como tal, o TDAH pode ser considerado um distúrbio funcional do cérebro. Pesquisas mostram diferenças significativas na estrutura e no funcionamento do cérebro de pessoas com TDAH, particularmente nas áreas do hemisfério direito do cérebro, no córtex pré-frontal, gânglios da base, c orpo caloso e cerebelo. Esses estudos estruturais e metabólicos, somados a estudos genéticos e sobre a família, bem como a pesquisas sobre reação a drogas, demonstram claramente que o TDAH é um transtorno neurobiológico. Apesar da intensidade dos problemas experimentados pelos portadores do TDAH variar de acordo com suas experiências de vida, está claro que a genética é o fator básico na determinação do aparecimento dos sintomas do TDAH.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por uma constelação de problemas relacionados com falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Esses problemas resultam de um desenvolvimento não adequado e causam dificuldades na vida diária. O TDAH é um distúrbio bio-psicossocial, isto é, parece haver fortes fatores genéticos, biológicos, sociais e vivenciais que contribuem para a intensidade dos problemas experimentados. Foi comprovado que o TDAH atinge 3% a 5% da população du rante toda a vida. Diagnóstico precoce e tratamento adequado podem reduzir drasticamente os conflitos familiares, escolares, comportamentais e psicológicos vividos por essas pessoas. Acredita-se que, através de diagnóstico e tratamento corretos, um grande número dos problemas, como repetência escolar e abandono dos estudos, depressão, distúrbios de comportamento, problemas vocacionais e de relacionamento, bem como abuso de drogas, pode ser adequadamente tratado ou, até mesmo, evitado.
Até a algum tempo atrás, pensava-se que os sintomas do TDAH diminuíam com a adolescência. As pesquisas mostraram que a maioria das crianças com TDAH chega à maturidade com um padrão de problemas muito similar aos da infância e que adultos com TDAH experimentam dificuldades no trabalho, na comunidade e com suas famílias. Também há registros de um número maior de problemas emocionais, incluindo depressão e ansiedade.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperativi dade (TDAH) é responsável pela enorme frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". A maioria daquilo que lemos ou ouvimos sobre o assunto tem uma conotação negativa. A razão disso é o fato deste transtorno continuar sendo pouco conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 3% a 5% das crianças em idade escolar podem ser incluídas nesse diagnóstico.
Rohde & Mattos, et. al., argumentam em seu livro “Princípios e práticas em TDAH” (2003, p. 35) que:
O estudo da etiologia do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) vem sendo objeto de muitas pesquisas, especialmente a partir do início da décad a de 90. Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas precisas do TDAH ainda são desconhecidas. Entretanto, a “influência de fatores genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é amplamente aceita na literatura”(Tannock, 1998) . Embora a contribuição genética seja substancial, é improvável que exista “o gene do TDAH’, causador desse fenótipo e fundamental em todos os casos da doença. Ao contrário, como ocorre na maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno efeito sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) genérica ao transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. Dessa forma, o surgimento e a evolução do TDAH, em um individuo, parecem depender de quais genes de suscetibilidade estão agindo e de quando cada um deles contribui para a doença, ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um, (e da interação desses genes entre si e com o ambiente).
A preocupaçã o vem-se refletindo cada vez mais nas pesquisas com TDAH. É bastante complexa a discussão das causas que estão implicadas na determinação da desatenção e hiperatividade. Como nos demais distúrbios do desenvolvimento, existe também nessa condição toda uma multiplicidade de fatores que poderão estar interferindo e nem sempre serão os mesmos para todas as crianças. 
Para Rohde e Mattos (op. cit., 2003, p. 36-47), “a heterogeneidade etiológica provavelmente estará reduzida, permitindo diferenciar casos mais familiais de outros menos familiais evidenciando diferentes fatores etiológicos”. Fatores Ambientais: Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na saúde emocional geral da criança, tais como desentendimentos familiares e presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação importante no surgimento e na manutenção da doença, pelo menos em alguns casos. Os autores citam ainda Biederman e colaboradores (1995 b) relatam que:
[...] encontraram uma associação positiva entre algumas adversidades psicossociais, tais como discórdia marital severa, classe social baixa, família muito numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna e colocação em lar adotivo, e o TDAH. Esse mesmo grupo, comparando famílias com e sem TDAH encontrou uma maior freqüência de coesão familiar diminuída e exposição à psicopatologia dos pais, principalmente materna, nas que tinham o transtorno em estudo. 
A procura pela associação entre TDAH e complicações na gestação ou no parto tem resultado em conclusões divergentes. Mas tende a dar suporte à idéia de que complicações (toxemia, eclampsia, pós-maturidade fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto, má saúde materna) predisponham ao transtorno. 
É importante ressaltar que a maioria dos estudos sobre possíveis agentes ambientais apenas evidencia uma associação desses fatores com o TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara de causa e efeito entre eles.
O estudo da genética do TDAH, assim como em qualquer outro transtorno psiquiátrico, envolve dois tipos diferentes de investigações: os chamados estudos genéticos clássicos e os estudos moleculares. Os estudos clássicos compreendem as pesquisas com famílias, com gêmeos, com adotados e as análises de segregação. É por meio desse tipo de estudo que se confirma a existência de um componente genético determinado ou influenciando na característica (ou transtorno) em questão. Essas abordagens também permitem estimar o tamanho do efeito desse componente no fenótipo e como ocorre a sua transmissão. Uma vez que a participação de fatores genéticos na doença tenha sido sugerida pelos estudos epidemiológicos, o próximo passo então, é definir quais genes estão envolvidos. Esses resultados mais específicos são alcançados com os estudos moleculares, em que possíveis marcadores genéticos ou os chamados genes candidatos (genes possivelmente relevantes para a neurobiologia da característica ou doença) são investigados por intermédio de diferentes tipos de análises.
Saul Cypel em sua obra “A criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade” (2003, p. 29-30) relata que:
Alguns trabalhos na literatura médica sugerem possíveis determinantes genéticos. Por exemplo, foi observado que gêmeos monozigóticos mostraram maior incidência de DA/H que os dizigóticos. Safer realizou um estudo interessante, em 1989, observando maior incidência de hiperatividade entre irmãos completos que em meios irmãos. Outras referências destacam a presença de crianças hiperativas em famílias cujos pais apresentavam prevalência acentuada de problemas psiquiátricos, quando comparados com pais de crianças normais. Curiosamente, os mesmo distúrbios foram referidos em pais não-biológicos de crianças adotivas e hipera tivas, relativizando a influência do fator genético. Essas observações permitem inferir que mesmo havendo a possibilidade de participação de um fator genético, é muito provável que outros fatores familiares e ambientais intervenham na determinação da DA/H.
Nos últimos anos, um interesse crescente vem surgindo em relação aos estudos moleculares do TDAH. Não se espera entretanto, que exista “o gene do TDAH”, nem se acredita em uma mutação específica responsável por esse fenótipo e fundamental em todos os casos da doença. Em transtornos como o TDAH, o mais provável é que os fatores genéticos envolvidos, sejam, na verdade, variantes funcionais aparentemente normais de genes conhecidos, e que uma combinação particular de alelos seja necessária para conferir suscetibilidade. A definição de dois genes candidatos baseia-se em diferentes tipos de evidências, como as que sugerem o envolvimento de rotas bioquímicas ou processo biológicos especí ficos. “Em geral, quando existem essas hipóteses, os genes relacionados em tais processos são os alvos iniciais na busca por genes de suscetibilidade” [...] (Rode & Mattos, op cit. 2003, p.46)
Ana Beatriz B.Silva, em sua obra “Mentes inquietas” (2003 p. 192), nos direciona na busca do conforto vital – tratamento do déficit de atenção, como a importância da individualidade e do conforto social.
Em Psiquiatria, muito mais do que nas outras especialidades médicas, as discussões sobre os conceitos de causa, doença, saúde, cura e tratamento sempre provocaram grandes confrontos de posições que ultrapassam os limites da “ciência médica” e enveredaram por campos diversos como o da filosofia, da política e até da religião. Fato completamente justificado por se tratar de uma especialidade que não lida apenas com células, tecidos, genes, órgãos e enzimas, mas também com a enigmática e complexa mente humana.
Enfatiza a terapia que investiga os pensamentos e crenças e passa a examinar sua veracidade e funcionalidade com base em dados reais.
Apresenta argumentos racionais e baseados em evidências, eleva o paciente a ponderar cuidadosamente sobre sua forma de pensar e interpretar os eventos. Assim o terapeuta precisa saber conduzir o paciente DDA, baseado em evidências concretas, a reformular alguns conceitos negativos de si mesmo, que acabam levando-o sempre a interpretar as situações como mais perigosas e ameaçadoras do que na realidade, trazendo, conseqüentemente, um grau de sofrimento significativamente desproporcional aos problemas enfrentados em seu cotidiano 
Os autores Sam Goldstein e Michael Goldstein nos seus estudos publicados no livro “Hiperatividade: Como desenvolver a capacidade de atenção da criança” (2003), atribuem varias causas e para entendê-las analisam: traumas durante o parto, distúrbios clínicos, distúrbios convulsivos, efeitos colaterais de medicamentos , dieta alimentar, o chumbo: que por sua ingestão pode envenenar o sistema energético humano, infecções de ouvido, hereditariedade e lesões cerebrais.
Uma criança normal é capaz de se concentrar, prestar atenção e agir deliberadamente em algumas circunstâncias, apesar de ser impulsiva, ter raciocínio rápido e agir com rapidez em outras. o centro de atenção estria trabalhando para aumentar a concentração da criança e diminuir a sua dispersão durante as aulas para que ruídos e eventos externos não impeçam que ela preste atenção e complete seu trabalho. Entretanto, fora da sala, no pátio da escola, um jogo de basebol exige uma resposta rápida a uma bola lançada a ela, como uma reação impulsiva. Esse modelo cerebral permite-nos ver as crianças hiperativas como possuidoras de centro de atenção que não está funcionando bem [...]. O mau funcionamento do centro de atenção pode, portanto, ser considerado como uma das casas do comportamento hipe rativo (p. 64-65).
Enfatizamos assim o uso do modelo de centro de atenção para explicar a hiperatividade, pois, os pais podem entender a causa da hiperatividade em termos de função cerebral. Parece que os centro de atenção podem ser afetados por fatores hereditários e ambientais. Os tratamentos para a hiperatividade, tanto por mudanças no comportamento como por medicamentos, podem ser compreendidos na medida em que influenciam o centro de atenção interior do cérebro.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade tem várias possíveis causas. O conhecimento científico sobre as causas e suas influências sobre o cérebro e o comportamento humano tem aumentado muito nas últimas duas décadas. Ainda assim é inicial o nosso conhecimento. Para Benczik (2003, p. 30), “temos mais hipóteses do que certezas sobre o assunto”. Coloca como possíveis fatores etiológicos: a Hereditariedade, Substâncias ingeridas na gravidez, Sofrimento fetal, Exposi� �ão a chumbo e Problemas familiares, deixando como mitos: algo na alimentação, algum problema hormonal e problemas com a iluminação do ambiente. 
Devido à atenção ser multidimensional em sua natureza, pode esperar-se encontrar crianças que têm déficits primários, em uma dimensão ou componente de atenção e menores em outras dimensões, ou, ainda, não ter déficits em nenhuma dimensão de atenção. Isto é provável de acontecer na prática clínica. Entretanto, nós conhecemos muito pouco sobre a natureza das deficiências de alguns componentes da atenção .
Para autores como Cypel (op.cit. 2003, p. 34), “os fatores emocionais são de grande importância na determinação e continuidade dos quadros de DA/H” .É curioso como os compêndios médicos dão pouca ênfase a esses aspectos, fazendo escassas referências em poucas linhas à participação dos fatores afetivos, procurando atribuir todo o quadro a disfunções cerebrais e/ou bioquímicas . Como em todas as atividades funcionais do sistema nervoso, também durante as manifestações emocionais e do comportamento do indivíduo a transmissão do estímulo nervoso de um neurônio para outro é realizada com a participação de substâncias neurotransmissoras. Poder-se-ia cogitar que nos casos de DA/H o equilíbrio entre neurotransmissores inibidores e excitadores estaria modificado. Entretanto, existe uma diferença entre esse desequilíbrio estar ocorrendo por uma alteração primária nas concentrações das catecolaminas, ou ser uma conseqüência do somatório das vivências emocionais ou situacionais que cercam a vida da criança no seu dia-a-dia. Isto é, no primeiro caso estaria ocorrendo uma redução na concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica, devido a algum defeito no sistema nervoso (malformação, lesão, etc.). Já na segunda eventualidade, as alterações na concentração dos neurotransmissores seriam decorrentes das modifica� �ões neuroquímicas conseqüentes à dinâmica emocional de cada indivíduo.
O estudo da etiologia do TDAH ainda está na sua “infância”. Mesmo em relação à genética, intensamente investigada, os resultados são contraditórios, e nenhum gene, nem mesmo o DRD4 ou o DAT1, pode ser considerado como necessário ou suficiente para o desenvolvimento desse transtorno. Este panorama se deve, em grande parte, a uma heterogeneidade etiológica ímpar, representada pela alta complexidade clínica da doença. O futuro do estudo da etiologia do TDAH envolve, certamente, a definição de possíveis “subfenótipos” nos quais essa heterogeneidade esteja reduzida, estratégia ainda pouco utilizada nas investigações, sendo também necessárias múltiplas replicações de achados positivos em amostras de diferentes países antes de se aceitar um agente ambiental ou um gene candidato como fator de suscetibilidade. A identificação dos possíveis fatores genéticos e ambie ntais é fundamental, uma vez que essa informação está diretamente relacionada ao esclarecimento da patofisiologia do TDAH e, conseqüentemente, ao seu tratamento e prevenção. Um maior conhecimento permitirá uma melhor caracterização de diferentes tipos da doença, determinando condições mais específicas, e, portanto, mais eficazes de tratamento. Além disso, a vulnerabilidade ao TDAH poderá ser detectada precocemente, possibilitando-se, assim, o desenvolvimento de estratégias de prevenção. O avanço nas pesquisas sobre a etiologia do TDAH será extremante relevante para a prática da psiquiatria da infância e da adolescência, bem como para os próprios pacientes e suas famílias.
Meu filho está agora com 17 anos, foi diagnosticado ainda na escola com 3 anos, não se deu bem com a ritalina, faz tratamento psicologico. Os resultados são lentos.
É muito difícil conviver com esta situação. Vc tem que controlar todos os seus instintos, tem que ul trapassar os limites da compreenção, e sempre na esperança de uma nova descoberta de cura.
Tenho um amplo levantamento sobre o caso. O detalhado acima é o início de um trabalho de doutorado que participei. Assim que soubemos (eu e minha mulher) além de procurarmos ajuda médica, pesquisamos a fundo a literatura existente sobre o assunto e podemos dizer com absoluta certeza "A matéria continua em estudo, por ora é inconcludente". 
Ps. Inconcludente, tanto psicologicamente como fisiologicamente.

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