segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Bullying no Ambiente Escolar”

Bullying no Ambiente Escolar”




Centro-Oeste tem o maior índice de Bullying nas escolas
Por Flávia Moreno - Do jornal “O Hoje” – www.ohoje.com.br

A região Centro-Oeste é a que mais tem registro de bullying no País. De acordo com a pesquisa “Bullying no Ambiente Escolar”, elaborada em 2009, nas cinco regiões do Brasil pela ONG Plan Brasil, Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor e pela Fundação Instituto de Administração, o bullying é mais praticado dentro do universo escolar nas regiões Sudeste, com 12,1% e Centro-Oeste, onde 14% confessaram esse tipo de atitude que tem um envolvimento maior de estudantes de 11 a 15 anos de idade. O Nordeste é a região do país onde o bullying é menos comum, entre 7,1% dos estudantes.
A sala de aula é apontada como local preferencial das agressões, onde acontecem cerca de 50% dos casos relatados de acordo com a pesquisa. Segundo o pesquisador da Coordenação de Ensino Especial, professor de Psicopedagogia e supervisor da Psicopedagogia Clínica do Instituto Consciência de Goiânia, Rogério Goulart Paes, a região Centro-Oeste ter os maiores índices de bullying entre adolescentes é alarmante e merece reflexões. Todavia, ele defende que Goiás avançou muito nas discussões buscando compreender os fatores que levam ao bullying e suas diferentes dimensões para implementar projetos Anti-Bullying nas escolas levando um processo de educação e cidadania.
Esse parece ser um termo novo no Brasil, mas já acontece há muito tempo. O cabeleireiro Leandro Evangelista, de 37 anos, por exemplo, foi vítima de bullying quando este termo ainda nem e xistia. E por mais de 10 anos ele sofreu violência física, psicológica e verbal dos colegas. Ele se lembra de quando tinha 5 anos, quando na hora do recreio saía correndo e ficava em cima do pé de goiaba para não apanhar. “Teve uma vez que alguns alunos jogaram um pneu em cima de mim e cai e cortei o supercílio”, relata ele.
De 1981 a 1989, no Ginásio, a situação ficou ainda pior. “Quando tinha 8 anos um garoto me empurrou da escada e machuquei os rins. Fiquei 40 dias sem ir à escola e depois, quando voltei, a professora beijou todos os alunos, menos eu”, conta ele, que sofria porque era magrinho e tinha orelha de abano. Com 12 anos, ele fez cirurgia plástica na orelha para tentar dentro do convívio social, já que recebia muitos petelecos. Nesta mesma época ele começou a fazer terapia, o que o ajudou a superar os traumas.
Para não se machucar mais, ele criou “medidas de segurança”. “Meu pai me deixava na escola, mas eu só entrava quando todos os alunos já tinham entrado na sala de aula, caso contrário, eu tinha que passar por um corredor polonês, onde me batiam.”
Evangelista admite que não sabe porque era excluído, e que não compartilhava a situação com os pais e a diretoria da instituição de ensino porque tinha vergonha e medo de não ser compreendido. “Quem sofre de bullying não quer que ninguém saiba, pois é doloroso e vergonhoso. Somos discriminados”. Ele explica que as pessoas são rotuladas porque são gordas, magras, de outra raça, tem gostos diferentes do comum etc. “Com 13 anos, eu gostava de teatro, música clássica e viajava muito, e penso que isso ajudava também na exclusão.”
Hoje, ele já superou os traumas, que serviram para que ele amadurecesse, mas ele garante que não é fácil. “Já doeu muito, mas hoje não. Dei a volta por cima”. Porém, as imagens daquele tempo continuam ali, vivas na memória. “As imagens são nítidas”, afirma.
Em entrevista à Revista Istoé, o especialista em violência entre estudantes, Allan Beane, que é uma referência mundial no assunto por seus 36 anos de experiência como educador, afirma que o bullying sempre existiu, mas nunca foi tão frequente e cruel. Ele revela também que dados apontam que 30% dos suicídios entre jovens são causados pelo bullying. Porém que acredita que esse número seja maior.

Pais devem observar comportamento

Para identificar se uma criança está sendo vítima de bullying, os pais devem ficar atentos aos sinais e instruir os filhos e orientá-los. E nessa situação, o diálogo e confiança são importantíssimos. “O filho pode ficar intimidado a falar, então temos que fazer leituras corporais e observar as ações, ver se chega da escola e está nervoso; se começa a fugir das situações escolares; se na hora de levar o filho, ele não está querendo entrar na escola; isolamento. Isso não é da noite para o dia. Isso é um sinal de que está acontecendo alguma coisa errada”, alerta Paes.
Outros detalhes a serem observados é que a vítima normalmente apresenta alguns sintomas: menor rentabilidade escolar, timidez, apatia, isolamento, constantes receios, baixa estima, fraca capacidade de argumentar, nervosismo, apresenta questões psicossomáticas, ou seja, começa a ir à escola, sente dor de cabeça, dores no estômago, porque quer fugir das situações, apresenta graus de depressão psicológica, que precisa ser investigado. Ele tem uma rotina diária, e começa a fugir de tudo que está relacionado ao ambiente que sofre bullying. (F.M.)

Professores não podem agir com corte temporal

Apesar da metade das ocorrências de bullying estarem registradas dentro das escolas, o cabelereiro Leandro Evangelista alerta que a prática está em todo lugar onde tenha crianças. “Nas festinhas eu sempre procurava ficar perto dos adultos para não me machucar.”
O cabeleireiro destaca que na época que foi vítima de violência, a escola não tinha preparo nem professores, o que piorava ainda mais a situação. Entretanto, o professor Rogério afirma que a pedagogia tem buscado perceber o indivíduo na sua totalidade e tem estudado a realidade do bullying. “O educador tem que ter sensibilidade para saber quem está sendo vitimado, quem é o agressor e espectador.”
Por esse motivo, ele ressalta a importância do professor não fazer um corte temporal da situação. “Se pegarmos dois alunos na situação de bullying e confrontá-los, isso leva a uma coisa imediata. Temos que levar dentro da unidade escolar uma reflexão daquelas ações. O aluno tem que refletir sobre suas ações dentro e fora da unidade.” (F.M.)

1 comentário para Centro-Oeste tem o maior índice de
Bullying nas escolas
• Conceição Padial - 27 de abril de 2010 às 3:05
Se quisermos enfrentar a violência escolar de perto, primeiro temos que reconhecê-la como violência decorrente da contradição estrutural inerente à nossa sociedade. Temos que entender as especificidades da população brasileira.
Acredito que ao importar um padrão de comportamento e padrões de conduta profissional para enfrentar esse tal “bullying”; estamos fugindo da verdadeira situação das escolas brasileira.

A colonização no Brasil foi extrativista – diferente da ocupação produtiva que ocorreu nos Estados Unidos – e os colonizadores eram em geral homens que vinham sozinhos com um único sonho: enriquecer e voltar a Portugal. Como diz Gramsci o passado sempre continua presente e, até os nossos dias um contingente enorme de pessoas agem como se estivessem por aqui de passagem.

Somos uma sociedade que conhece o trabalho livre só há cerca de 120 anos, e que ainda tem a vivência de trabalho escravo e de tráfico de pessoas. A monarquia está tão presente nas nossas vidas que ainda cultuamos o primeiro damismo. E, por mais absurdo que possa parecer, ainda cobram uma atitude assistencialista (fundamentada no primeiro damismo) da Sra. Marisa, que se casou com um metalúrgico que hoje é Presidente da República. Ela é uma mulher trabalhadora que merece todo o nosso respeito e não podemos admitir que seja reduzida a uma primeira dama; esse papel não lhe cai bem!

Saímos recentemente de uma ditadura. E alguns meios de comunicação fazem questão de responsabilizar o executivo por atribuições específicas do judiciário ou do legislativo. E, ao denunciar a corrupção, desmerecem instituições como o legislativo – tão caro e essencial para a garantia da democracia.

Os meios de comunicação disseram por ocasião da comemoração do aniversário de Brasília que a cultura musical que predomina na capital do Brasil é o rock. Mas Brasília não é uma unidade da federação multicultural?
A educação no Brasil tem sua origem na catequese com controle de comportamento e punições rigorosas. A mulher só tem direito ao voto há setenta anos. Até poucas décadas atrás, o homem que matasse uma mulher em defesa de sua (dele homem) honra, tinha sua pena atenuada.E para completar, vivemos em um Estado oligárquico, o berço da UDR (lembra da UDR?).

Eu acredito que as expressões sociais decorrentes da contradição capital trabalho (em nosso país) só podem ser enfrentada a partir do conhecimento da nossa realidade e da discussão honesta, transparente e aberta com os verdadeiros sujeitos dessa realidade.

No Brasil temos violência física (e sexual), cultural, sexista, racial, social, política, psicológica e econômica, dentre tantas outras.

Falar em “bullying” é mascarar a realidade e suas múltiplas determinações, é reduzir elementos de conflito que compõe a questão social. É tentar importar uma alternativa que não funciona em outros países e, claro que não vai funcionar aqui.

A violência só pode ser enfrentada com justiça social equidade e acesso universal aos bens e serviços socialmente produzidos.

Um comentário:

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